Ao Mestre Orlandino, com carinho

Devo ao Orlandino a definição de minha profissão de jornalista.

Eu não o chamava de professor. Mestre. Este era o tratamento que dava a ele.

E nos últimos anos o chamava de GENUÍNO, por causa da letra de uma marchinha de carnaval feita em sua homenagem pelo Bloco do Id.

Orlandinho para mim foi Mestre. Fui seu aluno de português no Colégio Estadual de Silvânia. Excelente professor. Rígido, mas eficiente.  Ali ele criou o grêmio, que acontecia a cada dois meses. Tratava-se de um encontrão, com todos os alunos, onde cada um tinha que desempenhar o papel atribuído por ele. Era um para cantar, outro para recitar uma poesia, e mais um para falar sobre um assunto previamente definido e assim por diante.

Mas, e como o Mestre Orlandino, sempre tinha um mas, dois estudantes eram escolhidos ali, na hora, para falar de improviso. Um com tema livre e o outro com um tema por ele escolhido.

E o Mestre Orlandino sempre me escolhia para falar de improviso. Era batata. Ele anunciava: vão falar de improviso os alunos fulano de tal e…e..Célio de Abreu Silva, e completava..o Célio do Sinhô.

Sábio, ele usava o grêmio do Colégio Estadual de Silvânia para me ajudar a definir minha profissão. Observador, Mestre Orlandino, sentiu em mim o potencial para ser jornalista.

Eu gostava de ler, lia muito. Ele me municiava com bons livros. Com seu incentivo eu criei no colégio um jornal. O jornalzinho de mimeografo, cujas matérias eram escritas no estêncil e publicadas no dia do grêmio.

Num belo dia, que me recordo de todos os detalhes, Mestre Orlandinho me falou com todas as letras: Célio, você tem que se formar em jornalismo. Estude. Sua vocação é esta. Eu devo isso a ele.

Nos tornamos amigos. Eu adorava conversar com ele. Assim como odiava os doidos tapas que ele tinha costume de dar em nossas barrigas.

Quando ele foi escolhido para tema do Bloco Carnavalesco do Id, aqui de Silvânia, me encontrei com ele num supermercado e perguntei o que ele achou da homenagem e ele, esbanjando alegria, antes de falar, começou a sambar no meio das gôndolas. Caímos na gargalhada e ele me abraçou e disse que estava feliz com a homenagem.

A última entrevista que fiz com ele em meu programa de rádio foi tão logo estourou o “Caso João de Deus”. Eu o convidei para explicar a diferença entre a Doutrina Espírita e o que fazia o homem de Abadiânia. Ele veio ao estúdio e por quase duas horas falou, respondeu perguntas, explicou, sempre com paciência e a sabedoria que só os MESTRES têm.

Orlandino é um exemplo de pessoa, cidadão. É um exemplo de caridade e simplicidade.

Silvânia tem que se orgulhar de ORLANDINO BARBOSA DE LIMA.

Ao meu MESTRE ORLANDINO, meu agradecimento, meu reconhecimento e minha eterna, eterna, eterna gratidão.

Do seu aluno, às vezes custoso, mas que sempre tirava boas notas, Célio do Sinhô (era assim que ele me chamava)

Um comentário em “Ao Mestre Orlandino, com carinho

  • 27 de agosto de 2021 em 22:21
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    Professor Orlandino foi um exemplo para todos. Deixa um grande legado pelo seu exemplo de religiosidade.
    Não temos dúvida que Pai Celestial nesse momento o recebe e continuará amparando e orientando na Pátria Espiritual.

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