Explosão em igreja deixa mortos e feridos no Egito
Imagens divulgadas pela mídia local mostram os bancos da igreja ensanguentados, entre fumaça. Alguns corpos estão estirados no chão, cobertos por papel.
O incidente, que parece ter sido um atentado terrorista, ainda não foi reivindicado por nenhuma organização.
Mar Girgis é o nome dado no Egito a São Jorge. Os coptas, ramo egípcio do cristianismo, correspondem a cerca de 10% da população de mais de 90 milhões. Apesar de os atritos no dia a dia serem raros, houve outros episódios de violência sectária durante os últimos anos.
A onda de ataques foi intensificada depois da derrubada do presidente islamita, Mohammed Mursi, que representava a Irmandade Muçulmana. Islamitas culpam cristãos por terem apoiado o golpe militar de 2013, que encerrou o seu governo.
A organização terrorista Estado Islâmico, que assumiu um ataque contra outra igreja copta em dezembro de 2016, com 25 mortos, havia voltado a ameaçar cristãos em um comunicado divulgado em fevereiro deste ano.
Essa milícia radical, baseada na Síria e no Iraque, tem um importante braço no norte do deserto do Sinai.
Famílias cristãs deixaram a região do Sinai em fevereiro após uma onda de assassinatos por essa milícia.
PAPA
O ataque à igreja neste domingo aumentará a pressão para que o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, incremente a segurança e impeça novos ataques.
Seu governo, substituindo o islamita Mursi, se baseia em parte em sua habilidade de estabilizar esse país, que passa ademais por uma grave crise econômica.
A explosão na igreja copta coincide, ainda, com a visita do papa Francisco, prevista para o fim deste mês, o que colocará a tensão sectária ainda mais em debate.
Cristãos egípcios não enfrentam apenas a violência de grupos radicais islamitas. Ativistas acusam também o governo de discriminá-los.
Tribunais têm condenado coptas com base em um artigo do Código Penal que pune a blasfêmia. Foram três casos em 2011, durante a revolução que derrubou o então ditador Hosni Mubarak. Em 2015, quando Sisi já era seu presidente, foram 21.
Um dos casos mais emblemáticos dos últimos anos é o dos adolescentes que foram condenados a cinco anos de prisão por gravar um vídeo ridicularizando o Estado Islâmico –o que foi considerado pelo vilarejo como um desrespeito ao islã.
Os jovens dizem que estavam criticando a facção terrorista, no vídeo, por ter matado 21 cristãos egípcios trabalhando na Líbia em 2015.