Após reunião de TVs com Bolsonaro, CNBB afirma: ‘Igreja Católica não faz barganha’
Depois da reunião de proprietários de emissoras de televisão pertencentes a grupos católicos, incluindo padres e leigos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota de repudiou, no sábado (6).
A entidade se posicionou contrário aos pedidos de verba feitos ao Governo Federal, diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por uma ala da Igreja Católica que, em contrapartida, veicularia notícias favoráveis ao Palácio do Planalto em canais de rádio e TV.
A nota da CNBB foi de indignação com a atitude dos representantes dessas emissoras, frisando que a Igreja não atua com base em troca de favores. “Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas”, destacou a entidade.
A nota salientou também que: “Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora, ‘que é tornar o Reino de Deus presente no mundo'”, citando discurso do papa Francisco.
O documento foi também assinado pela Associação Católica Internacional Signis Brasil e a Rede Católica de Rádio (CRC).
Os padres e leigos, que participaram da reunião com Bolsonaro, no dia 21 de maio, são considerados conservadores, divergem da CNBB, mas controla parte do sistema de emissoras católicas. Eles prometiam “mídia positiva” para ações governamentais na pandemia do novo Coronavírus.
O comunicado da CNBB explicou ainda que as emissoras intituladas “de inspiração católica” tem naturezas diferentes, podendo ser geridas por associações e organizações religiosas ou por particulares, conforme os próprios estatutos e princípios editoriais. “Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”, salientou.
Recursos
As emissoras de televisão ligadas a grupos religiosos chegaram a receber, no ano passado, R$ 4,6 milhões de recursos da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), para veiculação de comerciais institucionais e de utilidade pública.
Apenas os veículos intitulados católicos ficaram com R$ 2,1 milhões e os protestantes, com R$ 2,2 milhões. Neste ano, emissoras católicas já receberam R$ 160 mil, enquanto as evangélicas, R$ 179 mil, segundo dados das planilhas da Secom.
Por nota, a Frente Parlamentar Católica responde que, na reunião, “não se condicionou verbas de publicidade a apoio ao governo, nem mesmo apoio político pelos membros da Frente”. E, que apenas o padre Welinton Silva, da TV Pai Eterno, ligada ao Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), comentou a instituição está passando por dificuldades financeiras e gostaria de uma aproximação com a Secom para oferecer uma “pauta positiva das ações do governo” na pandemia. ( O Hoje )
