Prefeito de Palmelo ameaça renunciar por falta de apoio após secretário desviar R$ 5 milhões

O município de Palmelo continua vivendo uma situação sem precedentes, com a devolução de parte de bens avaliados em aproximadamente R$ 5 milhões que teriam sido desviados pelo próprio secretário de Finanças da cidade, Gilmar Martins Dias Júnior, afastado após a descoberta do rombo. O prefeito de Palmelo, Renato Damásio (Podemos) fala até em renúncia.

Ele alega que não está tendo respaldo para arrecadar o restante dos bens no tempo compatível com a necessidade do município, uma cidade pequena, e fala no risco de dilapidação do restante que não foi devolvido.

O motivo da decepção, segundo alega o prefeito, é porque desde sexta-feira passada (25) ele vem buscando autoridades diversas (Polícia e Ministério Público), mas “sem respaldo para o bloqueio e o sequestro dos bens” que o agora ex-secretário adquiriu nos últimos 15 meses em que foi o ordenador de despesas de Palmelo.

Segundo ele, Gilmar assumiu como assessor durante a gestão de outro prefeito e depois foi indicado para o cargo de secretário pelo próprio Renato. “Só vimos os desvios na semana passada, quando notamos transferências para ele e para a esposa”, afirmou também. O prefeito disse que determinou o desligamento do servidor e que Gilmar fosse impedido de acessar a sala de secretário e o computador que usava.

Carros de luxo

Segundo ele, o que foi desviado levou o agora ex-secretário a adquirir, entre outros: “uma BMW avaliada em R$  392 mil, uma Hilux que custa R$ 250 mil, uma Dodge Ram avaliada em R$ 450 mil, um Jeep Compass, e uma Fiat Strada, além de duas casas”.

O prefeito relata que, após ser afastado, o próprio Gilmar teria devolvido voluntariamente, na segunda-feira (28), dois dos carros e o contrato de compra de uma das casas.

Entretanto, o prefeito lamenta que outros bens que teriam sido adquiridos com recursos públicos continuem em poder do suspeito. “Eles estavam em um galpão, mas ninguém foi atrás, só a prefeitura”, reclama.

O prefeito procurou a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap) onde segundo ele foi instaurado um inquérito. Ele afirma que já tinha acionado a Polícia Civil local e o Ministério Público da Comarca, em Santa Cruz, mas que a expectativa é de que o assunto avance mais rápido com a entrada da Dercap.

Inquérito vai para MP

A assessoria jurídica da Prefeitura confirmou que foi instaurado inquérito pela Dercap e este será remetido ao MP, como é o procedimento normal. A reportagem não conseguiu contato com o titular da Dercap para falar a respeito.

Na quarta-feira, em nota, o Ministério Público de Goiás esclareceu que a Promotoria de Santa Cruz de Goiás confirmou que não foi registrada nenhuma notícia de fato no âmbito administrativo do MP. “Contudo, a promotoria tomou conhecimento dos fatos por intermédio da assessoria jurídica do município, ocasião em que ficou definido que a própria assessoria adotaria as providências necessárias”.

Nesta quinta-feira a reportagem ligou para o ex-secretário Gilmar mas o telefone não atendeu e a mensagem enviada via WhatsApp não foi recebida. O espaço está aberto para a versão dele. ( Por Marília Assunção )

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