Meta de inflação caminha para perto de 3% no longo prazo, diz presidente do BC

Ilan Goldfajn disse que inflação está em trajetória de queda e meta atual, de 4,5%, deve se aproximar de valores mais baixos praticados por outros países.

Por Darlan Alvarenga, G1

O Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira (31) que a inflação continua em trajetória de queda e que o país deverá caminhar para metas mais baixas e mais próximas de outros países emergentes, “perto de 3%”. Ele ressalvou, entretanto, que esta avaliação se refere para o “longo prazo”.

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, participou de evento do Credit Suisse em São Paulo (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, participou de evento do Credit Suisse em São Paulo (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

“Por enquanto estamos buscando nossa meta anual, que é 4,5%”, disse Goldfajn, destacando que as projeções do BC são de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo) de 4,4% para o fechamento de 2017 e de 4,5% em 2018.

O comentário do presidente do BC foi feito durante participação em evento do Credit Suisse, em São Paulo, após ser questionado pela plateia sobre quando o país chegará a uma inflação parecida com a de outros países.

“Minha resposta é: estamos no caminho. A inflação está caindo, a expectativa para esse ano já está na meta, no ano que vem também”, disse Goldfajn, acrescentando que a meta de inflação para 2019 será definida em junho e que ainda “não há nenhuma decisão tomada”.

“Ao longo do tempo, e eu estou falando no longo prazo, nós devemos caminhar para uma meta parecida com outros países emergentes, que tem uma meta de inflação perto de 3%. Novamente, estou falando aqui no longo prazo. Nessa posição, você fala uma coisa, as pessoas acham que é para amanhã”, destacou.

O centro da meta de inflação tem sido mantido em 4,5% desde 2005.

Em 2016, a inflação oficial de 2016 ficou em 6,29%, dentro da meta determinada pelo BC. Nos 5 anos anteriores, o IPCA ficou bem distante do centro da meta e mais próximo ao teto de 6,5% vigente no sistema brasileiro. Em 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014, a inflação somou 5,91%, 6,50%, 5,84%, 5,91% e 6,41%.

 (Foto: Arte G1)

(Foto: Arte G1)

Queda dos juros

Com relação ao ritmo de queda da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13% ao ano, Goldfajn disse que a trajetória de queda da inflação contribui para a intensificar o processo de flexibilização monetária.

“A perseverança na busca da meta de inflação e o caminho certo das políticas econômicas, abriu espaço para alterar o ritmo da flexibilização da política monetária”, disse.

Segundo ele, a política monetária deve contribuir para a retomada do crescimento, mas complementada por outros esforços do governo. “Quanto mais perseverarmos nas reformas e ajustes, mais rápida será a recuperação econômica”, disse.

Incerteza externa

Na avaliação do presidente do BC, apesar do cenário global “especialmente incerto” com risco de maior protecionismo e perspectiva de aumento dos juros nos Estados Unidos, a economia brasileira está recuperando seus fundamentos “de forma acelerada” e o Brasil está menos vulnerável a choques externos.

“Juros mais altos nos EUA resultam em condições de financiamento menos favoráveis em emergentes”, lembrou.

Evolução da taxa Selic, decidida pelo Copom, do Banco Central (Foto: Arte/G1)

Evolução da taxa Selic, decidida pelo Copom, do Banco Central (Foto: Arte/G1)

Volatilidade do dólar

Com relação ao comportamento do dólar frente ao real, Ilan disse que a política de câmbio flutuante não impede o BC de usar instrumentos à disposição para evitar qualquer volatilidade excessiva.

Segundo ele, a redução dos estoques de swaps cambiais – operações de intervenção no câmbio que equivalem à compra ou venda de moeda estrangeira no mercado futuro – trouxe mais conforto, mas isso não impede a autoridade monetária de voltar a diminuí-los no futuro.

Goldfajn lembrou que o estoque chegou a US$ 108 bilhões e atualmente se encontra no patamar de US$ 26 bilhões, mas que isso não impede a autoridade monetária de voltar a diminuí-los no futuro.

Segundo ele, o BC pode decidir por rolar integralmente, parcialmente, ou nem mesmo rolar os swaps cambiais com vencimento em março. “Podemos rolar parcialmente, integralmente ou não rolar, isso vai ser determinado em função das condições de mercado”, afirmou.

Segundo a Reuters, os contratos que vencerão em março somam US$ 6,954 bilhões. O BC encerrou na véspera a rolagem integral do swap tradicional com vencimento em fevereiro, e que somava US$ 6,431 bilhões.

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